3 de set. de 2009

Pré-sal

Aníbal: intransigência de Lula faz oposição manter obstrução


O líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP), criticou nesta quinta-feira a decisão do presidente Lula de manter o regime de urgência nos quatro projetos que definem as normas para exploração do pré-sal mesmo diante das pressões da oposição e de partidos da base aliada. O tucano voltou a defender um amplo debate sobre o tema e anunciou que a oposição manterá a obstrução na Câmara até que a decisão seja revista. De acordo com Aníbal, o prazo de 45 dias é insuficiente para discutir as matérias na Casa devido à importância do tema.

Vontade imperial - “É um erro essa intransigência do governo. Precisamos debater o tema com profundidade. E não tem essa história de cumprir a vontade imperial do presidente Lula. O governo teve dois anos para analisar o projeto e agora quer que Câmara e Senado aprovem as propostas em apenas 90 dias. Isso é incabível”, condenou. Para o deputado, o Planalto quer impedir a participação da sociedade nas discussões sobre a exploração do pré-sal e mudanças nos projetos de lei.

O líder do PSDB lamentou ainda o fato de o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não ter consultado os partidos de oposição para discutir a escolha dos deputados que serão relatores e presidentes das comissões especiais a serem instaladas na Casa para analisar as quatro propostas. “Trata-se de um grande erro que significa também um retrocesso para o Parlamento”, criticou. Segundo informações da imprensa, já estaria acertado que PT e PMDB dividirão as relatorias.

O parlamentar relembrou conquistas obtidas pelo país após a aprovação da Lei do Petróleo, em 1997, durante o governo FHC. O tucano lembrou que a tramitação da proposta levou mais de um ano. Além disso, proporcionou excelentes resultados ao país. “Com essa legislação foi possível dobrar a produção de petróleo em 12 anos e tornar o setor cinco vezes mais importante, passando de 2% para 10% na participação do PIB. Precisamos elaborar uma nova lei e devemos fazer isso muito bem para garantir que o Brasil tire o melhor proveito e sinta os resultados inclusive em áreas como saúde e educação. Portanto, nada de urgência”, concluiu. (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Eduardo Lacerda)

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Audiência pública

Deputados apontam falhas em projeto de assistência rural

A pedido do deputado Wandenkolk Gonçalves (PA), a Comissão de Agricultura promoveu nesta quinta-feira audiência pública para discutir o projeto de lei que cria a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Pnater). Participaram da audiência autoridades do governo e representantes do setor agropecuário. O tucano criticou pontos da proposta e prometeu lutar para aperfeiçoá-la.

Apadrinhados e incompetentes - Vice-presidente do colegiado e com forte atuação no setor de extensão rural, Wandenkolk criticou o dispositivo que dispensa de licitação a contratação das instituições que executarão o serviço de assistência à reforma agrária. “Isso é um absurdo, cria uma brecha para facilitar o chamamento de apadrinhados políticos. Eles transformarão o dinheiro público em um festival de incompetências pelo fato do despreparo e das condições administrativas dessas empresas, muitas vezes recém-criadas”, alertou.

Relator da proposta na Comissão de Meio Ambiente, o deputado anunciou que vai excluir os pontos polêmicos da Pnater. Ele sugeriu uma ampla discussão do projeto enviado pelo governo ao Congresso em regime de urgência e que tranca a pauta do plenário da Câmara a partir do próximo dia 18. “Não há motivo para pressa. Defendo o debate com a sociedade e com todos os segmentos. O próximo passo é ouvir os ambientalistas. Com a aprovação de uma proposta aprimorada, a abrangência aumentará significativamente e beneficiará um maior número de produtores familiares, quilombolas, indígenas e pescadores”, avaliou Wandenkolk.

Ex-secretário de Agricultura de Goiás, o deputado Leonardo Vilela (GO) também defende o aperfeiçoamento da proposta. “Temo que os recursos não cheguem às entidades mais capacitadas do setor, que merecem prioridade. O dinheiro público tem que ser utilizado para a sua finalidade precípua de levar tecnologia, melhorar a renda do agricultor familiar e fortalecer a assistência técnica. Não podemos abrir mão desse papel”, declarou. O orçamento anual da Pnater é de R$ 530 milhões. (Reportagem: Alessandra Galvão/ Fotos: Eduardo Lacerda)

Erros de administração

Governo é incompetente na área da saúde, diz Marisa Serrano


A senadora Marisa Serrano (MS) responsabilizou o governo federal pelo "caos" enfrentado pela saúde pública do país. Na avaliação dela, o problema não é de falta de dinheiro, mas de competência para administrar. Como consequência, muitas pessoas dormem nas filas dos hospitais para conseguir atendimento.

Falta de um legado - "A verdade é que tem havido uma administração errática na saúde. O governo do PSDB deixou um legado na área de saúde. Foi implantada uma política de redução de preços dos remédios, houve incentivo aos medicamentos genéricos, as mortalidades infantil e materna cairam, triplicou o número de agentes de saúde e a política de combate à Aids é elogiada no mundo todo. Qual é o legado desse governo na saúde?", perguntou.

A parlamentar informou que os hospitais universitários estão com 10% de seus leitos fechados, principalmente por falta de pessoal qualificado. Em muitos deles, equipamentos caros e importados estão encaixotados por não haver funcionários qualificados para sua operação e, em outros, não há sequer manutenção e, por isso, não funcionam. Afirmou que os 46 hospitais universitários precisam com urgência de 11 mil funcionários. Lembrou que há dois anos o governo lançou um plano de reestruturação destes hospitais, mas os resultados não aparecem.

"Os casos de dengue aumentaram 22,5%, comparando os primeiros seis anos do governo do PSDB com a atual administração. Quando temos um problema sério, como é o caso da gripe A, o governo passa a ideia de que está desnorteado. Infelizmente, mais brasileiros já morreram da nova gripe do que nos Estados Unidos e no México, primeiros países afetados pelo surto", lamentou.

A senadora de Mato Grosso do Sul mostrou-se contrária à recriação da CPMF, agora sob o nome de Contribuição Social para a Saúde. Para ela, "é uma balela" a afirmação de que o dinheiro irá resolver os problemas da saúde pública. (Da redação com Ag. Senado/ Foto: Ag. Senado)

Pressa injustificável

Sérgio Guerra: decisão de Lula sobre projetos do pré-sal é autoritária

Lideranças do PSDB no Senado criticaram nesta quinta-feira a decisão do presidente Lula de manter a urgência constitucional para os quatro projetos que tratam do marco regulatório para a exploração de petróleo na camada pré-sal. Para o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), a posição do petista é autoritária. "O presidente agride a democracia ao solicitar essa urgência", reprovou. O tucano criticou Lula por impor sua decisão ao Congresso, não escutando a ponderação nem mesmo de partidos aliados, como o PMDB, na Câmara dos Deputados, e o PP, no Senado.

Tropa de choque - Na avaliação do senador, o Planalto quer usar sua tropa de choque para aprovar as propostas, na mesma linha de atuação aplicada no caso das denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). “O presidente já tomou a decisão: para o Senado e para a Câmara quer normas do Conselho de Ética do Senado. Um pequeno grupo se junta e toma a decisão que bem entender. É a tropa de choque reciclada, não mais para julgar denúncias, mas para decidir o futuro do petróleo do Brasil”, rechaçou.

Para o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), não é justa a urgência requerida pelo presidente. Ele lembrou que o governo teve 22 meses para debater o tema internamente, assinalando que o Congresso terá que se abrir para a discussão com a sociedade. "Não se trata de uma queda de braço entre o Executivo e o Legislativo, de saber quem prepondera, a opinião de quem está valendo. Se sabemos que o pré-sal é coisa para 15, 20 anos, que diferença faz levar 90, 180 ou 360 dias para se chegar ao melhor marco regulatório?", indagou.

Virgílio afirmou que a questão não é de calendário eleitoral, mas da importância estratégica da questão energética. Além disso, o senador chamou a atenção para a necessidade de ouvir, entre outros setores da sociedade, os ambientalistas. "Quem diz que em 2050 ou 2060 isso aí vai ter valor econômico real? Os países desenvolvidos estão investindo em fontes alternativas e limpas de energia. Quanto tempo durará a moda dos combustíveis fósseis? Será que isso será tolerado?", indagou. (Da redação com agências/ Fotos: Ag. Senado)

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Segurança pública

João Campos: Planalto não assume suas responsabilidades no setor

O deputado João Campos (GO) avaliou as diretrizes aprovadas na Conferência Nacional de Segurança Pública, realizada no final de agosto em Brasília para orientar a política do governo federal no setor. O parlamentar criticou o presidente Lula por não assumir suas responsabilidades durante o evento. Representantes dos estados, da sociedade civil, dos trabalhadores em segurança e de outros segmentos debateram e aprovaram as diretrizes.

Mau exemplo - Campos lembrou que no evento o presidente afirmou que a segurança pública está para o país como um cachorro que tem diversos donos. “Com isso, o presidente apenas dilui responsabilidades a governadores, prefeitos, operadores de segurança da sociedade civil, mas não assume as suas”, reprovou. “Espero que sua atitude não reflita, como num contágio hierárquico, no comportamento de todos os demais entes que também têm responsabilidade com a segurança”, apontou.

Uma das diretrizes aprovadas sugere a criação de mecanismos legais que garantam recursos orçamentários e financeiros mínimos e proporcionais para adoção de políticas públicas na área de prevenção de acidentes. “A questão do financiamento da segurança pública é indispensável para uma política séria que tenha consequência na vida dos cidadãos. Existem recursos vinculados para saúde, para a educação, mas não para segurança pública”, alertou. “É necessário ter uma definição clara das responsabilidades sobre o setor. Caso contrário a sociedade continuará se assustando com o elevado índice de criminalidade”, finalizou.

Entre os pontos aprovados, o tucano citou as que preveem a manutenção no sistema prisional de um quadro de servidores penitenciários efetivos, a promoção da autonomia e a modernização dos órgãos periciais criminais, além da manutenção das atribuições constitucionais e da autonomia dos corpos de bombeiros militares. Essa categoria teria ainda piso salarial nacional, formação e capacitação continuada, bem como melhores condições de trabalho com equipamentos adequados. (Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Agência Câmara)

Intransigência

Duarte critica insistência de Lula de manter urgência no pré-sal


O 1º vice-líder do PSDB na Câmara,deputado Duarte Nogueira (SP), criticou nesta quinta-feira a decisão do presidente da República de manter o regime de urgência nos quatro projetos que definem as regras de exploração do pré-sal. Após reunião com o seu conselho político nesta manhã, o petista não somente insistiu na tese de que o tempo de 90 dias para Câmara e Senado é suficiente para analisar as propostas como também mandou dizer que o pré-sal já vem sendo discutido há muito tempo. Em protesto contra a postura do presidente, a oposição obstruiu as votações em plenário e nas comissões nesta semana.

Palanque - “Se o assunto está sendo debatido há muito tempo, só se for dentro do governo, de forma fechada e sem o conhecimento da sociedade”, contestou Duarte. Intransigente, Lula ignorou os apelos de líderes de partidos da base aliada como PR, PP e PTB. Assim como PSDB, DEM e PPS, essas legendas consideram muito curto o prazo para analisar propostas de tamanho impacto para o país.

Na avaliação do tucano, o governo quer transformar o pré-sal em mais um palanque. "Como o PAC não funciona e iniciativas como o 'Primeiro Emprego' ficaram só na propaganda, agora o pré-sal é mais um para marcar o calendário eleitoral. Não abrir mão da urgência é tornar isso mais um assunto polêmico pra desviar o foco de outras ações que o governo é incapaz de fazer”, condenou.

Após ferir o acordo firmado no último domingo em encontro com governadores, no qual negou que haveria urgência nas propostas, o presidente Lula agora diz que o assunto é de extrema relevância e que precisa de rapidez para ser regulamentado. Diante da quebra da palavra, a oposição impôs um ritmo lento na Câmara, que nesta semana votou apenas o texto-base da MP 465.

Duarte reiterou que a discussão precisa ser aprofundada no Parlamento e levada ao conhecimento da sociedade. “Queremos ter a oportunidade de comparar, por exemplo, o sistema de partilha com o de concessão. Não temos dificuldades em discutir as alterações feitas na Lei Geral do Petroleo feita pelo governo Fernando Henrique em 1997. E precisamos deixar claro que de 12 anos pra cá mais, a lei que fizemos fez com que a produção da Petrobras fosse duplicada”, acrescentou Duarte. O líder José Aníbal (SP) inclusive pediu a realização de uma comissão geral no próximo dia 22 com o objetivo de debater melhor a exploração da camada petrolífera. (Reportagem: Rafael Secunho/ Foto: Eduardo Lacerda)

Descarte seguro

Thame cobra cuidados com resíduos de usina nuclear


A pedido do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP), a Comissão de Relações Exteriores da Câmara promoveu nesta quinta-feira audiência pública para esclarecer as causas do incidente nuclear ocorrido em maio na Usina Nuclear Angra 2. Segundo o tucano, o debate deixou claro que o fato foi consequência de uma pequena falha humana, com proporções mínimas. No entanto, Thame ressaltou que o país não possui sequer uma definição quanto a criação de um depósito intermediário de rejeitos radioativos.

Mais atenção - “Sobre o acidente, ficou claro que tratou-se apenas de um pequeno descuido com uma porta que ficou inadvertidamente aberta. Mas a audiência foi muito importante, pois nos foi explicado que o Brasil não tem um local para depósito definitivo ou intermediário dos rejeitos nucleares. Essa situação é muito preocupante”, alertou após a reunião.

Durante a audiência, o diretor de Radioproteção e Segurança da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Laércio Vinhas, e o superintendente da Coordenação de Operações da Eletronuclear, João Carlos Bastos, falaram sobre a segurança nas operações com materiais radioativos em Angra e garantiram que a usina adota todos os cuidados necessários para evitar acidentes e contaminações.

Em relação aos locais para depósito dos resíduos produzidos pela usina, os representantes alegaram que o país está em fase de estudos, mas que todos os rejeitos são tratados. “Foi uma boa oportunidade para termos uma ideia de como se dá esse processo de prevenção de acidentes, de alarme em decorrência de qualquer ocorrência e a questão dos rejeitos radioativos. É preciso que estejamos atentos para tudo isso. Afinal, trata-se de algo que pode causar problemas irreversíveis”, concluiu Thame. (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Eduardo Lacerda)

Ampliar o debate

Congresso fará painel preparatório para conferência de comunicação

As comissões de Ciência e Tecnologia da Câmara e do Senado realizarão um painel de debates preparatórios para a Conferência Nacional de Comunicação. O requerimento para a realização do evento, apresentado pelo deputado Eduardo Gomes (TO), foi aprovado ontem. De acordo com o tucano, a realização do painel tem como objetivo ampliar o debate prévio com os parlamentares sobre os diversos assuntos da conferência, programada para o início de dezembro. A idéia é apresentar sugestões do Legislativo aos temas do encontro sobre comunicação e até mesmo propor uma pauta de discussões.

Ao defender a realização do painel, Gomes, que preside a comissão na Câmara, reconheceu o empenho dos representantes da Casa na comissão organizadora da conferência, mas argumentou que o debate possibilitará uma ampliação do conhecimento pelo maior número possível de parlamentares sobre temas que, em sua maioria, terão consequência legislativa. A Conferência Nacional de Comunicação terá como tema “Comunicação: meios para construção de direitos e de cidadania na era digital”. A data e a programação dos debates no Congresso ainda não foi definida. (Da redação com assessoria da CCTCI/ Foto: Eduardo Lacerda)

Artigo

Urgência injustificável

*Antonio Carlos Pannunzio

Os êxitos obtidos pela Petrobras, ao longo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, são a melhor e mais forte demonstração de que as alterações na legislação brasileira sobre o petróleo e o papel a ser cumprido por aquela estatal, no governo de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, foram absolutamente corretas.

Elas ampliaram e diversificaram as possibilidades de atuação daquela empresa, capacitando-a a enfrentar de maneira adequada os desafios de garantir ao País o suprimento de energia de que precisa para se desenvolver.

No atual governo, pesquisas que a Petrobras há muito iniciara sobre a potencialidade das reservas de petróleo e gás existentes na chamada camada pré-sal, a profundidades e distâncias da costa brasileira muito maiores que as habituais, atingiram o nível de maturação necessário para que se possam adotar providências práticas para determinar a viabilidade técnica e o custo de aproveitamento delas.

As atividades de pesquisa, lavra, transporte, refino e distribuição de petróleo são, por natureza, de longo prazo. Essas características se acentuam quando se programa a exploração de reservas que reclamam o desenvolvimento e operacionalização de um leque de tecnologias não testadas previamente.

Resolvidos todos os problemas que, neste momento, se interpõem entre o dimensionamento preliminar e a efetiva operacionalização das jazidas, o País passará a contar com recursos com os quais antes sequer sonhava. Com eles poderá, em tese, enfrentar outros tantos desafios e melhorar as condições de vida de sua população.

A extração de petróleo e gás da camada pré-sal exigirá investimentos vultosos. Estes serão bancados, inevitavelmente, por brasileiros de todos os quadrantes e não só por aqueles residentes nos Estados diante dos quais se encontram as jazidas. Até por isso, é razoável que os recursos que venhamos a ter, futuramente, sejam partilhados de maneira diversa daquela fixada, num contexto muito diferente, na Constituição de 1988.

Tanto as questões técnicas quanto as de natureza política colocadas por essa realidade envolvem interesses econômicos ainda não dimensionáveis, mas nem por isso menos concretos e são, todas elas, intrincadas e conflitivas. O Executivo, para definir uma proposta de equacionamento delas, consumiu vinte meses de trabalho, em razão das muitas opiniões divergentes no interior de sua própria equipe. Agora, quer que o Congresso a discuta e aprove em pouco mais de um mês.

É uma imposição inaceitável. Ela não se harmoniza com a natureza estratégica das pendências implícitas em cada artigo da lei que se pretende criar.

É indispensável que os partidos e suas bancadas analisem com profundidade as alterações pretendidas, construam consensos que harmonizem os interesses de suas lideranças regionais com os interesses do País. Só então a matéria deve ser levada a votação.

Um alongamento razoável da discussão não trará prejuízo algum ao Brasil, aos entes federativos que o compõem ou à sua população. As decisões que vierem a ser incorporadas à nossa legislação ou, se for o caso, ao texto da Constituição de 1988, destinam-se a regular situações que somente estarão plenamente caracterizadas daqui a uma década ou mais.

A intenção do presidente da República de agregar as alterações na legislação sobre o petróleo aos feitos do seu governo é perfeitamente compreensível, o que não significa que seja aceitável.

O Congresso não pode subordinar-se ao objetivo de melhorar o currículo do chefe Executivo. Deve, isto sim, deliberar maduramente sobre o feixe de medidas propostas. Se elas forem corretamente delineadas, podem colocar o Brasil a salvo de sobressaltos decorrentes da inexorável escassez do petróleo em futuro próximo e alavancar a correção de muitos desníveis regionais que afligem sua população.


(*) Deputado federal, membro da Comissão de Constituição e Justiça, ex-líder de bancada e ex-presidente do Diretório Estadual do PSDB/SP. (Foto: Eduardo Lacerda)