14 de out. de 2010

Intervenção eleitoral

Para Macris, PF prorrogou investigação de corrupção na Casa Civil por motivação eleitoral

O deputado Vanderlei Macris (SP) afirmou nesta quinta-feira (14) que a prorrogação do prazo para apurar as denúncias de tráfico de influência e corrupção na Casa Civil só será necessária porque existe interferência política nas investigações da Polícia Federal.

Segundo o tucano, em casos como esse é possível viabilizar uma apuração rápida. Mas isso não aconteceu, de acordo com Macris, porque há uma tentativa de impedir que a verdade sobre os fatos interfira na campanha eleitoral.

“É mais uma tentativa de blindar a candidata Dilma Rousseff, já que uma pessoa de sua absoluta confiança pode ter montado uma quadrilha dentro da Casa Civil para ganhar dinheiro”, afirmou ao se referir a Erenice Guerra, ex-braço direito de Dilma na Casa Civil e sucessora dela no cargo.

Após 30 dias de apuração, a PF pediu ontem (13) à Justiça Federal mais tempo para concluir o inquérito sobre o envolvimento no escândalo da ex-ministra Erenice Guerra e de seus familiares. De acordo com o pedido feito pelo delegado responsável pelo caso, Roberval Vicalvi, ainda não é possível concluir o caso só com os depoimentos prestados até agora.

Vicalvi ouviu nesse período 15 pessoas. Os principais envolvidos no caso, como os filhos de Erenice, optaram pelo silêncio sob a alegação de “não saberem as conotações políticas" dos delatores do esquema. Ainda não há prazo definido para a conclusão da apuração da PF. E somente após o retorno dos documentos da Justiça, o delegado definirá as datas dos depoimentos de Erenice e de outras pessoas citadas nas denúncias na Casa Civil e em outras áreas do governo Lula.

De acordo com o parlamentar, os policiais federais já tiveram o tempo necessário para verificar que as “provas são robustas e evidenciam um processo de corrupção em benefício dos filhos da ex-ministra". “A prorrogação é algo muito estranho, pois o tempo foi suficiente. É evidente que estão adiando para não haver repercussão no processo eleitoral”, completou Macris.

Empresário confirmou pedido de "taxa de sucesso"

→ Segundo reportagem do jornal "Folha de S. Paulo", mais um empresário confirmou encontro com a ex-ministra Erenice Guerra na Casa Civil. O depoimento contradiz versão do governo e corrobora denúncia de que um esquema de lobby era operado dentro da pasta na época em que era comandada pela hoje candidata do PT à sucessão presidencial.

→ Aldo Wagner, sócio da EDRB, disse à PF que Erenice participou da reunião em 10 de novembro, quando foi apresentado o projeto na área de energia solar da companhia. E depois desse encontro, de acordo com o depoimento do empresário, a empresa de lobby do filho de Erenice apareceu para viabilizar o negócio com um empréstimo do BNDES mediante pagamento de "taxa de sucesso". (Reportagem: Djan Moreno/Foto: Eduardo Lacerda)

Leia também:
Ouça aqui o boletim de rádio

Apuração necessária

Leonardo Vilela defende quebra de sigilo de Erenice Guerra e mais agilidade na investigação

O deputado Leonardo Vilela (GO) defendeu nesta quinta-feira (14) a quebra do sigilo telefônico da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. Segundo reportagem do jornal “O Globo”, a Polícia Federal (PF) vai pedir autorização à Justiça Federal para abrir, copiar arquivos e periciar os computadores usados pela ex-ministra e outros ex-servidores da Casa Civil citados nas denúncias sobre tráfico de influência e corrupção no governo federal. O tucano considerou importante a decisão da PF, mas afirmou que tal medida já deveria ter sido tomada.

“Espero que as investigações sejam rápidas e que no tempo mais breve possível possamos identificar todo esse esquema de tráfico de influência, cobrança de propina e corrupção na Casa Civil. A sociedade exige a apuração completa dos fatos e a punição dos culpados”, ressaltou o parlamentar.

A PF pretende interrogar a ex-ministra e pedir também a quebra do sigilo telefônico dela e de outros envolvidos. A partir dessa devassa em extratos telefônicos, registros de trocas de e-mails e no conteúdo das mensagens, os policiais federais tentarão identificar o grau de proximidade entre os investigados. Os computadores usados foram lacrados por uma sindicância interna do Palácio do Planalto.

Israel Guerra, filho de Erenice, é acusado de tentar intermediar negócios entre empresas privadas e o governo. As denúncias partiram dos lobistas Fábio Baracat, Rubnei Quícoli e do ex-diretor de Operações dos Correios Marco Antônio Oliveira. Israel Guerra foi contratado para ajudar a Master Top Airlines (MTA), empresa de transporte aéreo de carga, a obter uma licença na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e, a partir daí, renovar contrato com os Correios.

A PF também fará um levantamento nos registros de entrada e saída na torre de acesso ao escritório do advogado Márcio Silva, no Brasília Shopping, na capital federal. De acordo com reportagem da revista "Veja", o local foi utilizado por Israel e seus sócios na Capital - Vinicius Castro, funcionário da Casa Civil, e Stevan Knezevic, servidor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) – para despachar com os clientes. Silva é coordenador da banca que cuida dos assuntos jurídicos da campanha presidencial do PT. (Reportagem: Letícia Bogéa/ Foto: Eduardo Lacerda)

Ouça aqui o boletim de rádio

Patrimônio do Brasil

PSDB sempre esteve comprometido com a Petrobras, destaca Otavio Leite

O deputado Otavio Leite (RJ) destacou nesta quinta-feira (14) o comprometimento do PSDB com a Petrobras, estatal que virou o centro de uma discussão sobre privatizações levantada nas últimas semanas pelo PT. Autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o controle da estatal do petróleo pela União, o tucano também criticou o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Em nota à imprensa, Gabrielli atacou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, acusando-o “levianamente” de preparar a empresa para venda.

“Gabrielli precisa saber que o partido do qual faz parte nada fez do ponto de vista do Congresso em relação à Petrobras. Ao contrário do PT, que nada propôs, nós, do PSDB, apresentamos uma ideia concreta em defesa da Petrobras e dos brasileiros”, comparou Otavio Leite.

A proposta mencionada pelo deputado é a PEC nº 370/2009, que determina que a Petrobras “será controlada exclusivamente pela União”. O texto do projeto desmente a versão petista. “A presente proposta é um brado para deixar claro à nação nossa posição em defesa dos interesses nacionais, em defesa da Petrobras”, afirma a justificativa.

Otavio Leite recorda que a Petrobras foi fortalecida pelo marco regulatório do petróleo, adotado durante o mandato de Fernando Henrique. Para ele, o PT usa um discurso infundado, sem compromisso com a verdade. “O discurso petista perde força ao ser confrontado com os fatos”, alertou.

Fernando Henrique, a exemplo do que fez o PT agora, abriu o capital da Petrobras em 2001, tirando-a da estagnação, segundo o deputado. Nos cinco anos anteriores à abertura de capital, a estatal investia US$ 5 bilhões, em média, por ano. Em 2008, aplicou US$ 29 bilhões. Os números, segundo Otavio Leite, foram possíveis graças à Lei de Petróleo, de 1997. “No fundo, quem tem compromisso com uma Petrobras eficiente e transparente somos nós, do PSDB”, conclui. (Da redação com Agência PSDB/ Foto: Eduardo Lacerda)